quinta-feira, abril 08, 2010

Imaginem .

               É engraçado como, de uma hora para outra, espaço de tempo esse que pode não durar nem sequer um dezesseis avos de segundo, você não tem mais nada. Uma instante você pensa que está no céu – você não pensa, você está –, mas de repente as nuvens se dissipam, você perde a estabilidade que aquele lugar te proporciona, um buraco aberto ao seu redor, e só se sente o cair. Nada além do cair. O torpor toma conta de seu corpo, e só se consegue sentir as bochechas corando, o corpo ficando quente, e mais quente. Não, não é engraçado.
Mas, não se sabe como acontece, mas acontece: com poucos minutos de atraso, o sentimento de liberdade. Não, ele não cobre o sem nome de sentimento que veio primeiro. Simplesmente dá para sentir cada um paralelamente, simultaneamente.
Meus pés não estão mais acorrentados aos seus, e você me deu a permissão para sair.
O corpo treme, sinto vontade de gritar, e não, não vai durar pouco tempo. Mas de uma maneira ou de outra, eu busquei isso desde o inicio, e não vai ser tão difícil de lidar quanto eu pensava. Eu só preciso de um tempo, um tempo para dar tempo; tempo para organizar tudo em minha mente.
Não que fosse algo que eu queria, mas de algum jeito, um mal necessário. Algo para me balançar e um grito em meu rosto, para me fazer perceber que a corrente no meu calcanhar já tinha sido aberta.
Só preciso do meu tempo. Para me fazer perceber que estar livre é bom; é melhor que estar acorrentado. Mas não sei quanto tempo vou levar para perceber.





LC'